Tive um pesadelo levantei, na escuridão procurei minhas roupas no encosto da cadeira, pelo tato encontrei cigarros no bolso da calça e fósforos no bolso da camisa, fui para janela, a escuridão enigmática do pátio da pensão me fazia refletir.
O que fazer? Se tivesse mais tempo para pensar clarearia minhas idéias, dominaria melhor minhas emoções dando melhor sentido para atos e palavras, pareceria mais ou menos civilizado. As surpresas da nova situação poderiam me confundir... o que é aquilo ali? Parecem pilares, que vultos são? Parecem pessoas. Alguma coisa me fez recuar, com todo cuidado para não fazer barulho.
Mas alguma coisa aconteceu em mim, não sei bem explicar, parece que o receio se tornou coragem, pulei da janela, sem fazer barulho fui me aproximando do vulto, a emoção tomava conta de mim, o será que são ladrões, traficantes? Atrás de uma arvore me escondi, pela sombra eram pessoas, essa confirmação me deixou ainda mais afoito, o coração pulsava como nunca antes, mas não poderia saber quem era, estava muito escuro, com muito cuidado para não ser percebido fui me aproximando até que vi. Geralmente sou tranquilo e falo baixo, mas com toda aquela agitação não pude me conter, gritei, dona Vilma! Sim, ela, a dona da pensão viúva há 17 anos, e dizia que nunca arrumaria outro para ocupar o lugar do falecido. O volume da minha surpresa foi tamanha, que as luzes dos outros quartos se acenderam, e todos perguntavam o que estava acontecendo ali em baixo, Vilma ficou muito envergonhada, e depois do flagra tive que procurar outra lugar para poder refletir sobre meus problemas.
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